Desenvolvimento Humano
26 de Janeiro, 2018
TECLADO – Meus Últimos Dias
Bit, corre, já estou ouvindo o dedilhar. Eu estava dormindo Byte.
Uhhh, vamos lá. Esse cara não dá folga.
Não sei porque escreve tanto. Antes da nossa existência, me contaram que ele fazia isso na máquina de escrever. Era um tal de asdfg hjklç, que não parava mais.
Rá, rá, rá… Olha Bayte, devia ser muito louco e lento aquele processo. Hoje nós estamos na onda da modernidade. Tudo muito rápido, com correção automática, nos diferentes idiomas, avisos de erros e salvamentos em arquivos. Trabalhamos muito e somos o máximo!
Bit, Se não fosse o teclado, não teríamos vida. Você já se deu conta disso? Sim, a não ser que houvesse outro dispositivo de entrada de dados.
Seu B, estou ouvindo uma conversa sobre nossa importância. Sim A, eu também. É melhor a gente avisar todas as teclas, porque todos nós merecemos. Não se esqueça as dos números. Não tem uma que seja mais importante entre nós. Se não existíssemos não haveriam escritos, sejam artigos, textos, crônicas, reportagens e por aí vai.
Olha B, nossa! Parece que as teclas estão tão felizes, nesse momento. Todas estão querendo se movimentar.
Hi, hi, hi. Lá vem o R de rabugento. Sempre com suas dúvidas e questionamentos. Ele está chegando.
Senhor A e senhor B, não estou gostando muito dessa história. Acho melhor a gente fazer uma reunião geral, porque o nosso fim está próximo.
Você está louco R, o que ouvimos é que somos muito importantes e que se não existíssemos, os demais componentes não teriam razão de ser.
Isso é pura ilusão. Já ouvi conversas de um usuário do nosso teclado, dizendo que a partir de agora, eles irão falar e o computador irá escrever sozinho, no idioma que quiserem. Eles poderão falar em qualquer idioma, que haverá escrita. Se quiserem falar, por exemplo em português e ter a escrita em Inglês, também poderão. Não haverá erro gramatical em qualquer idioma. O sistema corrigirá automaticamente.
É o comando e o reconhecimento de voz.
Nós, teclados, fomos inventados em 1868 e não nos demos conta disso. Até que duramos muito. Nosso tempo passou. Fomos importantes e hoje não somos nada.
Nós não estudamos as tendências…
É a inovação disruptiva meus amigos. Tudo muda e mudará, numa velocidade absurda.
Mas R, como vamos contar para as outras teclas?
Acho melhor vocês contarem agora, para que a dor não seja maior. Faça de uma só vez!
Byte, a coisa está feia. Iremos continuar trabalhando muito, mesmo com o fim dos teclados. Pois é Bit, os humanos usarão a voz, para escrever seus artigos e fazer as entradas de dados. A nossa dança continua.
Só nos resta desejar felicidades à todas as teclas, que irão se aposentar.
Vejam, meus amigos A e B, muitos humanos também se deixam ultrapassar, não evoluem e continuam zumbizando por aí, até a morte.
Pois é R, no nosso caso, estamos sendo sucateados, não é aposentadoria não.
E aí, vai só esperar pela grande onda da Inovação e se afogar ?