Desenvolvimento Humano
30 de Maio, 2019
OS SINOS NÃO DOBRAM POR MAIS NINGUÉM
Não há mais porque, não é Augusto?
Você está falando de que, Dionísio?
Eu sabia…Você estava longe. Vou explicar – Lembrei-me de um filme, “Por Quem os Sinos Dobram”.
Agora vou te surpreender. Eu assisti e é um filme maravilhoso da década de 40, que conta a história de um americano que vai para a Espanha lutar contra a ditadura. Em determinado momento ele começa a refletir sobre sua perigosa posição, por estar em uma terra estrangeira.
Augusto, é isso mesmo. Importante ressaltar que o filme é baseado em um livro de Ernest Hemingway, que utilizou uma parte de um poema de John Donne, Inglês do século XVI, que segue abaixo:
Excerto – “meditação XVII” – “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”
Dionísio, como é instigante esta provocação que lanceta o nosso peito – “…a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano…”
Pois é Augusto, hoje infelizmente, não nos importamos com isto, pela banalidade da vida e seus horrores, que se fazem presentes a cada segundo, parecendo ser uma normalidade. Ficamos anestesiados, acreditando que a vida é assim.
É somente quando somos postos a pensar, refletir e analisar nossa condição de vida, que nos assustamos com esta verdade. Pode acontecer comigo.
Sim, se a vida tem um significado para mim, tem para o outro e nos importa. Nesta teia construída, em que nos relacionamos, perdemos a sensibilidade de olhar para o outro como um igual. O outro é sempre menor, por diversas razões preconceituosas e que podem até ser inconscientes.
Ainda em poucas cidades pequenas interioranas, podemos ouvir o dobrar dos sinos das igrejas, também para anunciar a morte de alguém. Já não é mais comum e pouca importância têm.
Ouvir o dobrar dos sinos, metaforicamente, pode ser o anúncio de nossa morte, mesmo que ainda não tenhamos adquirido a consciência de sermos iguais em espécie.