10 de outubro, 2017

“CRIANÇA CRIADA NA RUA CRIA ANTICORPOS PARA A VIDA”

Ouvi nesse final de semana.

Essa é uma frase do Mestre Formiga (Tiago de Camargo), capoeirista. Ao ouvi-la, em um programa de TV, fiquei como que anestesiado, por alguns segundos, tal seu impacto.

Ele estava apenas contando um pouco sobre a vida dele. O próprio viveu na rua, sofreu, venceu e criou um projeto social, no Brasil e posteriormente, levou seus ensinamentos para a Alemanha.

Nos meus tempos de faculdade, havia aprendido que os moradores de rua desenvolviam anticorpos contra diversas doenças, que os protegiam.

Fiquei pensando sobre os anticorpos para a vida e percebi a crueza dessa verdade. Ela pode fazer um homem sair daquela situação de penúria, como foi o caso dele, tanto quanto poderia tê-lo também anestesiado, paralisando-o até que a morte chegasse.

Parece-me algo como criar certa calosidade para viver nesse mundo pútreo, moralmente falando, que estamos vivendo.

Os homens não são santos, sabemos nós. O pior é que historicamente, isso sempre aconteceu.

Há uma ralé humana que conspurca a vida e trata os semelhantes como párias. A situação, vida na rua, é criada por uns poucos desses. O poder da moeda poderia muito bem servir para o engrandecimento da espécie humana; mas não é isso que acontece.

Tento sentir na minha pele aquela camada extra, que poderia me fazer viver melhor, sem sofrer tanto os açoites da existência.

Sofro também muitas coisas e sempre estou de pé, tendo chorado “porque a vida dói”, como disse Iberê Camargo –  “Pinto porque a vida dói”.

Fernando Pessoa me vem à mente nesse exato momento – “ Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida… Onde é que há gente no mundo? ”

Enquanto puder me manter lúcido, estarei a ajudar com minha experiência de vida, através do Processo de Coaching e de meus Artigos.

O que me matém vivo!