Coaching
25 de junho, 2017
OBJETIVOS E DESTINOS
O ERRO AO SE FOCAR SÓ NO OBJETIVO OU NO DESTINO
Ziquelau viveu 55 anos focando sua vida em atingir objetivos. Ele se tornou um executivo famoso, na área comercial, ocupando uma posição de diretoria. Iniciou como Analista de Vendas, em uma grande multinacional, após ter concluído sua formação em Administração de Empresas e Marketing. Enfim, estava formado e trabalhando em sua área de especialização. Ufa! Tirou o primeiro fardo das costas, pois era cobrado insistentemente por sua família. Já não tinha amigos, a não ser um ou dois com quem se encontrava para tomar cerveja às sextas feiras. Não havia muita conversa, que era limitada, pela falta de leitura do grupo. Futebol, mulheres e casamento eram os temas básicos e sempre revisitados.
O próximo passo, era o casamento, que logo aconteceu. Mais um fardo saiu de suas costas. Já havia conhecido uma moça, que se tornou sua namorada e se casaram. Diferente dele, Rita era extremamente curiosa, criativa, cheia de planos e sonhos, vivendo intensamente cada momento. Rita, após se formar em Marketing, fez Mestrado e Doutorado, seguindo a carreira acadêmica. Como que impelida por seus questionamentos, queria sempre conhecer mais sobre a vida e sobre as imensas mudanças tecnológicas que estavam impactando a vida dela e das pessoas. Ela não se contentava em conhecer, mas em transmitir esse conhecimento para seus alunos, preparando-os para o mundo das mudanças e das revoluções tecnológicas.
Para Rita, cada momento de sua vida era comemorado, saboreado e vivido de forma intensa. Tudo tinha um significado maior. Isso incomodava muito Ziquelau, que parecia sentir que suas convicções estavam sendo abaladas, a cada momento. Sentia-se inseguro. Naquele momento, já ocupava a posição de Gerente Comercial, na mesma organização. Terceiro fardo que saiu de suas constas. Havia sido promovido. Lá na empresa, era respeitado e querido pelo seu jeito franco, discreto e também pelo alto poder de convencimento. Esse perfil era muito bom para alguém da área comercial.
Rita convenceu Ziquelau sobre a necessidade de viajarem constantemente, dentro e fora do Brasil, para conhecerem outras culturas e ter diferentes visões do mundo. Lá ia Ziquelau, em cada viagem, contabilizando apenas as cidades e países que conhecia. Rita se sentia mais viva a cada nova experiência.
Ziquelau agora já era Diretor Comercial. Tinha mais dinheiro, havia comprado duas casas e estavam com uma vida financeira e econômica estável. Quarto fardo que lhe havia saído das costas. Era um diretor de empresa. Carreira bem-sucedida.
O casal foi tomado por um grande susto – Ziquelau foi diagnosticado com um câncer terminal. Rita ficou inconsolável, porque além da possibilidade de perder o marido, não havia conseguido fazer com que ele entendesse o significado da própria vida. Ziquelau faleceu e deixou tudo. Claro, deixou tudo porque caixão não tem gaveta.
Vida pesada, cheia de fardos. Existência perdida ?
Vale uma reflexão. O destino ou o objetivo não são importantes como parece, o que vale é a jornada. Precisamos estar alertas e podemos, com certeza, nessa jornada, ter encontros maravilhosos com pessoas, animais, com a natureza, comidas, bebidas e produzir coisas boas na vida pessoal e profissional. Isso só não acontece porque nos impedimos de fazê-lo, com tanta pressa, urgência, prazos curtos, vida líquida que escorre pelas mãos…Além claro, de nossas grandes expectativas, sem nenhum balanceamento, que nos força a ter coisas e mais coisas, para nos fazer apenas “nelas tropeçar”, como diz o músico e poeta Chico Cesar ou para mostrar que temos.
O sabor da vida e seu significado está no agora.
É aqui e agora, com alegria.
Eu tenho a possibilidade de ser feliz, fazer o outro feliz, potencializando aquilo que tenho de melhor.
Fazer tudo que tenho que fazer ou que planejei fazer, mas vivendo cada momento, transpondo as dificuldades, agradecendo pela oportunidade dos encontros e simplesmente viver, viver e viver!